História
Quando, depois
de terminada a revolta dos Canudos, os recifenses preparavam-se para
receber as tropas pernambucanas comandadas pelo general Artur Costa, uma vasta
programação foi preparada para a recepção aos soldados. João Alfarra e alguns
dos seus companheiros de proeza pelo Capibaribe foram encarregados de
preparar a parte náutica da recepção, e ficou marcada uma grande regata para o
dia 21 de novembro de 1897. Essa competição despertou o
interesse dos recifenses, que sentiram a necessidade de fazer outras promoções
do gênero. O remo começou a ganhar novos adeptos e, no ano seguinte, empregados
dos armazéns das ruas Duque de Caxias e Rangel formaram uma agremiação, à qual
deram o nome de Clube dos Pimpões. Os componentes do outro grupo, o
que tinha brilhado na regata da recepção às tropas de Canudos, animaram-se e
houve uma série de combates entre as duas turmas, em 1898, na Casa de
Banhos.
No final de
1898, ficou acordada a fundação de uma outra sociedade, que congregaria os dois
grupos antes mencionados: o Clube Náutico Capibaribe. Em fins de 1899, por decisão dos seus
dirigentes, o clube passou por um processo de reorganização, mas manteve a
fidelidade aos esportes náuticos. Nessa ocasião, seu nome foi
mudado para Recreio Fluvial. Mas a nova denominação não foi do
agrado de todos, resultando que, no início de 1901, foi restaurado o nome
anterior – Clube Náutico Capibaribe. E, em 7 de abril de 1901, João Alfarra
convocou todos os ligados ao remo para uma solenidade na qual seria lavrada e
registrada a primeira ata da agremiação, data que ficou reconhecida
oficialmente como a fundação do clube. O documento histórico recebeu a
assinatura de todos os presentes - de Antônio Dias Ferreira,
presidente da reunião, de Piragibe Haghissé,
secretário, e de João Victor da Cruz Alfarra, líder do grupo e pai da ideia.
As primeiras
cores adotadas pelo clube foram o azul e o branco.
O futebol
O futebol só
apareceu no clube a partir de 1905.
Só no ano seguinte, um grupo de ingleses formou
o primeiro time. Suas atividades, entretanto, limitavam-se aos domingos, no
campo de Santana ou na campina do Derby.
Nessa época, o
Náutico ficou conhecido como "Clube dos Brancos", por não permitir negros e mestiços vestindo
sua camisa - fato que, assim como em outros clubes brasileiros de origem
aristocrática, seria totalmente abolido anos depois.
No Jornal Pequeno de
12 de maio de 1909 encontra-se a primeira referência ao futebol do Náutico:
Consta-nos que os rapazes do Náutico
tratam de formar um eleven para bater-se com os do Sport Club
A 21 de junho
de 1909, o mesmo jornal publicou o seguinte texto:
Houve ontem no magnífico ground do Derby
o primeiro match-training dos estimados rapazes do Club Náutico. Às 5 horas da
manhã lá estavam já todos os moços que deviam tomar parte no jogo, alegres e
prontos para entrar em combate. Foram logo designados os lugares dos jogadores
que tomaram lugar no match-training e dado início ao jogo. Pertencem a este
team os arrojados foot-ballers: R. Maunsell, Hermann
Ledebour, João Drayer e Artur Ludgren. Os ensaios
terminaram pouco depois das 8 horas da manhã, deixando a melhor impressão ao
sr. R. Maunsell instructor dos moços. Serviu referee o senhor Hermann Ledebour.
Damos parabéns aos rapazes do Náutico pelo bonito começo no foot-ball.
O Náutico
jogou com King (goleiro), Avila (lateral direito), Smith (zagueiro central),
Ivatt (quarto zagueiro), Cook (lateral esquerdo), Ramage (cabeça-de-área), H.
Grant (meia-direita), Thomas (meia-esquerda), Américo Silva (ponta-direita),
Maunsell (centro-avante) e João Maia (ponta-esquerda).
Em 1914, foi criada a Liga
Recifense de Futebol, mas o Náutico não fez parte dela. Os seus jogadores
procuraram ingressar nos outros clubes que se haviam filiado. O clube João de
Barros, atual América, foi o que mais ganhou com a
evasão dos jogadores do Náutico.
Em 1915, porém, sentiu-se a
necessidade de criar uma nova entidade para orientar o futebol da cidade. Foi
fundada dessa maneira a Liga Sportiva Pernambucana, à qual o Náutico se filiou.
Com isso, os jogadores voltaram, mas o clube se manteve sem muito interesse até
chegar à fase do profissionalismo, quando logo conseguiu ser campeão, em 1934, repetindo o feito em 1939, ano em que foi
fundado o Estádio dos Aflitos. Nesta época brilhou Fernando Carvalheira,
segundo maior artilheiro da história do Timbu até hoje, com 185 gols, além de
ser o maior artilheiro em clássicos contra o Sport e terceiro maior em
clássicos contra o Santa Cruz.
Década de 1940: Início de uma Época de
Ouro
Em 1945, o Náutico aplicou a
maior goleada de sua história, ao vencer o Flamengo-Recife por 21 a 3, sagrando-se campeão
pernambucano esse ano. Na primeira metade da década de 1940 despontou no
Náutico, Orlando Pingo de Ouro, ídolo da torcida que
depois brilharia no Fluminense, ponta-de-lança hábil, veloz e
goleador.
O último ano
da década de 1940 marcaria
a chegada do Náutico como grande protagonista do futebol pernambucano, ao se
sagrar Tricampeão entre 1950 e 1952 e vencer ainda
os campeonatos pernambucanos de 1954 e 1960, conquistando cinco
títulos em onze disputados, tendo se sagrado ainda, campeão do Norte e Nordeste
em 1952.
Década de 1960: Reconhecimento nacional
O tempo e a
história encarregar-se-iam de provar que aquela decisão de dedicar-se com mais
interesse ao futebol havia sido uma decisão sábia: o Náutico, um clube laureado
nas regatas desde os primeiros tempos, seria, com o passar dos anos, vitorioso
também no futebol - pioneiro em Pernambuco em jogos pelo exterior, primeiro
tetra, primeiro penta, primeiro e exclusivo hexacampeão pernambucano entre 1963e 1968. Foi ainda
vice-campeão da Taça Brasil em 1967, conseguindo uma
participação na Copa Libertadores da América.
Na história da Taça Brasil,
o Náutico chegou entre os quatro primeiros colocados por cinco vezes, ficando
apenas atrás do Santos neste quesito. Nas seis edições em
que participou deste torneio, o Náutico disputou 38 jogos, com 19 vitórias, 6
empates, 13 derrotas, 62 gols a favor e 46 contra. O vice-campeonato de 1967 foi a melhor
colocação, com o Timbu ficando 2 vezes em terceiro e outras 2 em quarto, além
do sétimo lugar em 1964, na
colocação menos brilhante do Náutico na Taça do Brasil.
Considerando a
terceira colocação na Copa do Brasil de 1990, por seis vezes o
Náutico ficou entre os quatro melhores colocados de torneios disputados em
formato de copas nacionais, melhor performance de um clube do Nordeste, considerando este parâmetro.
Na principal
competição sul-americana, o Náutico foi eliminado por um erro da Conmebol,
que não havia autorizado duas substituições por jogo naquele ano, regra já
estipulada pela FIFA e
usada no Brasil pela CBD. O treinador do Náutico, para gastar tempo, substituiu
um atleta quando o time já tinha a vitória garantida contra o Deportivo Português, da Venezuela,
e acabou acarretando a eliminação da equipe, com a perda dos pontos da partida,
após o jogo. A equipe venezuelana acabou, então, por ganhar a vaga do Náutico
no grupo e se classificar para a fase seguinte.
Na década de 1960, a melhor de sua
história, o Náutico conquistaria também o título de Tricampeão da Copa Norte em 1965, 1966 e 1967, além de Campeão dos
Campeões da Copa Norte em 1966.
Um dos principais responsáveis por essas grandes conquistas do Náutico foi o atacante Silvio Tasso Lasalvia, o Bita, maior artilheiro
da história do Timbu com 221 gols marcados em 319 jogos entre 1962 e 1971. Uma de suas grandes
partidas foi contra o Santos de Pelé, no Estádio do Pacaembu, pela Taça Brasil de 1966, quando o Náutico venceu o
Santos por 5 a 3, quando Bita marcou quatro gols. O alvi-rubro se
manteria invicto em seu estádio por 85 jogos, com 70 vitórias e 15 empates
entre 29 de novembro de 1963 e 30 de Março de 1969.
Décadas de 70, 80 e 90: Oscilações de
desempenho
Na década de 1970 o Náutico só
ganharia o Campeonato Pernambucano de 1974, vencendo a final
contra o Santa Cruz, tirando deste, que era pentacampeão naquele momento, a
possibilidade de se igualar ao Náutico como hexacampeão - feito que o Náutico
também fez ganhando o campeonato sobre o Santa Cruz em 2001, permanecendo como
hexa único. Mas o clube viveria um grande momento no futebol ao manter-se
invicto por 42 jogos, entre agosto de 1974 e maio de 1975, com o seu goleiro Neneca tendo
ficado sem tomar gols, entre agosto e novembro de 1974, exatos 1.636 minutos
com a bola rolando. Neneca até hoje ainda é o recordista mundial.
Nos anos 1980,
o Náutico foi Bicampeão em 1984/1985 e campeão em 1989. Nessa época jogou
pelo Náutico o jogador Baiano (que na verdade era capixaba de Vila Velha),
terceiro maior artilheiro do Timbu, com 181 gols em 305 jogos. Baiano ganhou
ainda o Troféu Chuteira de Ouro,
como o maior artilheiro do Brasil nos
anos de 1982 e 1983.
A criação da Copa União de 1987, sob uma nuvem de
grande desorganização administrativa, afastaria compulsória e injustamente o
Náutico da 1ª Divisão do Campeonato Brasileiro, em vista da forma
arbitrária e sem critérios claros pela qual os clubes foram
"escolhidos" para aquela competição. Alheio a tudo isso, após uma
frágil participação na 2ª Divisão (conhecida
ainda como Módulo Amarelo) de 1987, o Náutico
corrigiria o erro daquele ano dentro de campo, ao sagrar-se vice campeão do Campeonato Brasileiro Série B em 1988, reconquistando a
vaga na primeira divisão. A partir de então o Náutico passou a alternar boas e
más campanhas, mas manteve-se na 1ª Divisão até 1994, quando foi rebaixado
à Série B do Campeonato Brasileiro. Em 1996 e 1997 disputando a
Série B, a equipe terminou em 3º lugar em ambos os campeonatos, na luta por uma
das duas vagas para o acesso à Série A do Campeonato Brasileiro. Coincidentemente estes
insucessos iniciaram um processo de decadência do Náutico, que enfrentou
grandes problemas administrativos e financeiros naqueles anos, fechando o ciclo
de uma década ruim para o clube alvirrubro, sem títulos e que acabou por levar
a agremiação ao pior momento de sua história , quando caiu para a Série C do Campeonato Brasileiro , em 1998. Na Série C em 1999 terminou o
campeonato em 3º lugar, o que o levou de volta à Série B, onde permaneceria
ainda por alguns anos, até o retorno à Série A em 2007.
2001 a 2011: A volta por cima
Na década de 2000,
o alvirrubro , após 12 anos sem conquistas , tornar-se-ía bicampeão
pernambucano em 2001/2002 (sendo 2001 o
ano de seu centenário), sob o comando de Muricy Ramalho (que
se transformou em ídolo do clube , sendo atualmente conselheiro), e campeão em 2004. Nesses anos
brilharia a estrela de Kuki,
terceiro maior artilheiro da história do Timbu, com 172 gols até março de 2007.
Em 2005 o Náutico acabou
novamente em 3º lugar na disputa por uma vaga na Série A de 2006 . Na última
rodada da fase final, em 26 de novembro daquele
ano, desperdiçou, jogando em seu estádio, a chance do acesso em jogo contra o Grêmio, numa partida muito disputada, em
que o Náutico teve diversas oportunidades e ainda desperdiçou dois pênaltis,
mas acabou derrotado ao final por 1x0. O jogo ganhou contornos épicos pelas
circunstâncias em que foi decidido e ganhou o apelido de Batalha dos
Aflitos. Em 2006,
porém, o Náutico mostrou grande e rápido poder de recuperação, enfrentando
todas as expectativas negativas da imprensa e desconfiança da torcida. Após
longa disputa, em 18 de novembro o time venceu o Ituano em seus domínios por 2 a 0, com um
público de mais de 25 mil pessoas, que lotaram o Estádio dos Aflitos. Desta
forma a equipe retornou à Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro, após doze anos de
ausência, enterrando o trauma da derrota no ano anterior.
Esse foi um
momento de grande alegria para a torcida alvirrubra, confiante em que "um
raio não cai duas vezes no mesmo lugar", confome dito popular. O clube
poderia estar classificado uma rodada antes, mas enfrentou um Ituano
incentivado pelo Coritiba,
que também lutava pela vaga. Os jogadores correram o jogo inteiro, com destaque
para Kuki, Felipe e Capixaba. Grande parte dessa conquista se deve aos
treinadores que passaram pelo clube, como Roberto Cavalo (foi demitido na única
derrota nos Aflitos) e Paulo Campos (que, mesmo criticado, conseguiu colocar o
Náutico entre os quatro primeiros clubes da Série B, que ascenderiam à Série
A). Por fim, foi contratado Hélio dos Anjos, que levantou o moral da equipe e a
encaminhou ao acesso. Na história do Campeonato Brasileiro Série B, o Náutico
ao final da campanha do ano de 2006 era
o clube que mais pontuou, com 484 pontos conquistados em quinze edições.
Ainda em 2006, foi fundada a
Associação dos Amigos da Base (AADB), formada por torcedores e simpatizantes do
clube, com o objetivo de atuar no desenvolvimento das divisões de base e assim
colaborar com o crescimento do Náutico.
No ano de 2007, o Náutico disputou o
seu 23º Campeonato Brasileiro da Primeira Divisão,
chegando em décimo-quinto lugar, sendo que no segundo turno foi a oitava equipe
que mais pontuou. Em toda a história do Campeonato Brasileiro, o Náutico
realizou 431 jogos, tendo conquistado 152 vitórias e feito 545 gols. A melhor
colocação do Náutico foi a sexta, no Campeonato Brasileiro de 1984.
No ano de
2008, o Náutico mais uma vez consegue permanecer na Série A depois de um empate
de 0x0 com o Santos na Vila Belmiro. O destaque desse
jogo foi o goleiro alvirrubro Eduardo, que fez defesas importantíssimas para
o clube.
Com o empate,
o clube pernambucano garantiu a 16ª colocação do campeonato daquele ano,com os
mesmos 44 pontos e o mesmo número de vitórias (11) do Figueirense, mas no saldo de gols, (-10 do
Náutico e -24 do Figueirense) o Timbu garantiu sua permanência
na Série A.
Na Série A do Campeonato Brasileiro de 2009, o Náutico passou por
muitos altos e baixos e, em vista de um mau planejamento, acabou sendo rebaixado
para a Série B do Campeonato Brasileiro. Em 2010, teve bom início de
campanha na Série B, mas sofreu forte queda de produção no 2º Turno e encerrou sua participação
apenas em 14º lugar na disputa.
Em 2011,
após a perda do Campeonato Estadual no 1º semestre,
a equipe se reorganizou, contratou o técnico Waldemar Lemos,
que já havia dirigido o time do Náutico na Série A de 2009 e manteve boa
parte da base do elenco do Campeonato Pernambucano. Após um mau início na
disputa da Série B, o Náutico reagiria e conduziria uma campanha sólida,
de notável regularidade, invicta em seu estádio onde sempre contou com o apoio
incondicional de sua fanática torcida, mantendo-se entre os 4 primeiros
colocados durante quase todo o campeonato. Em decorrência destes fatores,
conquistou a sua volta para a Série A do Campeonato Brasileiro, por antecipação, após
uma combinação de resultados na 37ª rodada, disputada em 18 de novembro,
que o favoreceu, mesmo perdendo para o Boa Esporte em Varginha por
2x1. Nesse ano, o Náutico foi o único clube nacional, em todas as divisões, que
não perdeu nenhum jogo em casa no Campeonato Brasileiro. Foram 13 vitórias e 6
empates,mostrando mais uma vez a força da torcida alvirrubra.
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